Geralmente, quando as pessoas estão
começando a aprender um pouco mais sobre poliamor e surge o interesse em
aderir, uma das primeiras dúvidas a surgir é: "Mas como funciona? Como é
que faço para me relacionar com mais de uma? Como acontece a formação?"
Longe de querer esgotar o assunto em apenas uma
postagem (pois muito há para se falar de relacionamentos poliamoristas e seu
funcionamento), preferi me ater aqui à constituição dos relacionamentos
poliamoristas e a denominação que recebem. Não se trata de uma regra fixa. Pode
haver outras formas de se relacionar além das citadas e um relacionamento pode
passar por vários formatos. Vai depender unicamente do desejo dos parceiros
envolvidos.
Então qual a importância de se saber as
denominações? Simplesmente facilitar a comunicação. Quando usamos denominações
para nos referir a um tipo específico de relacionamento sempre fica melhor de
estabelecer melhor compreensão do assunto. Então, estão prontos? Aí vai!
Polifidelidade: Engana-se
quem pensa que não existe fidelidade num relacionamento poliamorista. Ser
poliamor não significa admitir traições. Traição é ficar com alguém sem que o
outro permita. Como em um relacionamento poliamorista existe a liberdade para
ter outros parceiros, consequentemente a traição não existe. No entanto, há
relacionamentos poliamoristas que funcionam como um monogâmico nesse sentido:
as relações amorosas fixas bem como relações sexuais estão restritas aos
membros do relacionamento poliamor. Assim, se um casal poliamorista é constituido
de 4 pessoas em um regime de polifidelidade, elas só poderiam ter um romance e
relações sexuais com esses mesmos 4 membros. Assim, seria traição se envolver
com pessoas de fora, pois seria sem o consentimento dos parceiros.
Casamento em Grupo: Também
chamado de relações em grupo, ocorre quando todos os membros possuem um
relacionamento amoroso entre si. Sim, nem sempre todos os membros se
relacionam, nem é obrigatório que o seja. Em um relacionamento onde todos são
heterossexuais por exemplo, isso se torna impossível. Entre bissexuais do sexo
feminino fica mais fácil se relacionar com todos e ainda mais comum em
relacionamentos poliamoristas homossexuais.
Redes de Relacionamentos Interconectados: Essa
eu diria que é um pouco mais complexa, se trata de quando cada membro de um
relacionamento poliamorista possui um tipo de relacionamento distinto dos
parceiros. Exemplificando: João, Carolina, Julia e Pedro se relacionam de forma
poliamorista. João é hetero e se relaciona com Carolina; Carolina é bissexual e
possui um relacionamento com João, Julia e Pedro; Julia é homossexual, tendo um
relacionamento apenas com Carolina, por fim Pedro é bissexual, tendo um
relacionamento apenas com Carolina pois João e Julia não querem relacionamentos
com homens. Todos podem ter outros relacionamentos que não eles próprios.
Assim, Julia, Pedro e João são namorados de Carolina, mas não possuem ligação
entre si. Poderíamos ainda acrescentar uma outra mulher, que se relacionaria
com Julia e Pedro, ainda sem ligação com os demais. A idéia é que eles não
formam "um casal", cada qual tem seus próprios relacionamentos. É aí
que se forma uma Rede de Relacionamentos Interconectados.
Relações Mono/Poli: A
relação mono/poli acontece quando apenas um dos parceiros é poliamorista e o
outro é monogâmico. Portanto, nessa forma de relacionamento, o parceiro
poliamorista tem liberdade para ter ficantes ou namorados fora do
relacionamento, enquanto que o parceiro monogâmico prefer ter somente a ele.
Isso desmitifica a crença de que para ser poliamorista é preciso que ambos o
sejam. Relacionamentos assim não são difíceis de darem certo desde que o
parceiro monogâmico saiba respeitar o poliamorista e vice-versa. O que acontece
na maioria das vezes, é que os poliamoristas preferem que seus parceiros
compartilhem do seu estilo de vida, assim podem se entender melhor e
compartilhar os momentos em que se acrescenta uma pessoa ao relacionamento.
Relacionamento aberto: Ué, então relacionamento aberto é um tipo de
poliamor? Não. Poliamoristas quase sempre vivem um relacionamento aberto, mas
pessoas que vivem um relacionamento aberto quase nunca vivem um poliamorista.
Explicando: em um relacionamento poliamorista, se o casal estiver aberto a que
novas pessoas sejam acrescentadas a um relacionamento, em um momento ou outro
devem admitir o relacionamento aberto para que conheçam essas novas pessoas. Já
em um relacionamento aberto, a idéia principal é apenas possui liberdade para
ficar com outras pessoas. Como dito em postagens anteriores, geralmente não há
a intenção de se apaixonar ou namorar ninguém exceto o parceiro
"oficial" . Sendo assim, esse quesito se torna uma das formas que os
parceiros poliamoristas se utilizam para conhecer futuros possiveis parceiros.
Poligamia e Swing: Resolvi
falar da poligamia e do Swing como uma forma de advertir. Alguns sites têm
falado da poligamia e Swing como formas de poliamor. Embora possa existir uma
relação entre poligamia e poliamor, já que a poligamia pressupõe um casamento
com mais de uma pessoa onde possa existir amor, é preciso verificar que esta é
apenas aparentemente uma diferença pequena, uma vez que a maioria dos países
não admite a poligamia. O casamento oficial com mais de uma pessoa é
considerada crime, a poliamorista não é. Além dessa diferença, considerada mais
marcante, a poligamia não admite parceiros externos e é geralmente um apenas
que possui vários parceiros mas esses não possuem relações entre si: como o
caso do homen que se casa com várias mulheres (poliginia) ou da mulher com vários
homens (poliandria). Geralmente esses relacionamentos não possuem espaço para
relacionamentos entre os demais parceiros (no caso de uma bissexualidade entre
as mulheres por exemplo) e se o tiver, não é mais importante nem de igual
importância ao relacionamento com a pessoa com a qual realmente se casaram
(presença da hierarquia). Já em relação ao swing, é importante lembrar que
praticantes de swing dificilmente buscam parceiros românticos, geralmente só
estão em busca de parceiros sexuais. Também, poliamoristas valorizam o amor
numa relação, de forma que não é comum buscarem parceiros em casas de swing.
Pode acontecer? Sim, mas não é comum.
Acordos Geométricos: Os
acordos geométricos têm esse nome pela alusão que fazem às formas geométricas
para terem seu formato exemplificado. Vejamos alguns:
·
Trios: Podem ser de três
formações; a chamada "triângulo", em que os três possuem relações
iguais entre si; a chamada formato em "V", onde uma pessoa namora
duas mas estas não possuem um relacionamento entre si (nesse caso, o que namora
as outras duas é chamado de "pivô" e as duas de "braços");
e a formato em "T", em que três pessoas namoram, mas duas possuem um
relacionamento mais forte entre si que com a terceira. Acontece por exemplo,
quando um novo membro está começando a entrar para uma "família" e a
ligação com ele ainda não é tão forte.
·
Quartetos: Também chamados de
quadras, o quarteto possui uma variação ainda maior de formações. Pode ser
chamado de "formato em N", quando por exemplo entre dois homens e
duas mulheres apenas elas são bissexuais e se relacionam; há o quadrado onde
todos possuem relacionamento entre si; e quando se trata de dois homens e duas
mulheres alguns se utilizam das letras F (feminino) e M (masculino) para
designar o tipo de relacionamento. Assim: FMMF, seria um relacionamento onde os
dois homens se relacionam mas as mulheres se relacionam cada qual com um homem.
Outras combinações como FMFM, MMFF, MFFM são possíveis.
Algumas dessas
classificações podem soar à primeira vista bem complicadas para quem ouve falar
nelas a primeira vez, mas não há necessidade para pânico. Nem sempre esses
termos são utilizados, e poliamor é acordo, é concordância de estilo de vida.
Portanto, se você estiver querendo viver um relacionamento do tipo pela
primeira vez, lembre-se de que a forma em que você vai viver esse
relacionamento é algo que com certeza será discutido e colocado às claras. No
poliamor, há regras para que se mantenha a harmonia do grupo e todos os
parceiros estejam conscientes e decidam em conjunto a melhor forma de vivê-lo.
Lembrando que
Poliamor não é brincadeira, não é apenas uma experiência e acabou. Algumas
pessoas podem fazê-lo para experimentar, para ver se realmente é a forma que
querem viver. Alguns resolvem aderir depois de se sentirem melhor, outros não.
O Poliamor não veio para acabar com a monogamia. Esta é válida e nada impede um
poliamorista de vivê-la, uma vez que o que conta não é viver com mais de um a
todo custo mas estar aberto à essa possibilidade. O que se contesta aqui é a
monogamia forçada, como único meio de se relacionar e alcançar a felicidade.
Nós, poliamoristas, acreditamos ser possível possuir amor verdadeiro, um
relacionamento sério, por mais de uma pessoa e por isso pedimos seriedade nas
relações.
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