sexta-feira, 6 de junho de 2014

Formas de se relacionar!

Geralmente, quando as pessoas estão começando a aprender um pouco mais sobre poliamor e surge o interesse em aderir, uma das primeiras dúvidas a surgir é: "Mas como funciona? Como é que faço para me relacionar com mais de uma? Como acontece a formação?"


Longe de querer esgotar o assunto em apenas uma postagem (pois muito há para se falar de relacionamentos poliamoristas e seu funcionamento), preferi me ater aqui à constituição dos relacionamentos poliamoristas e a denominação que recebem. Não se trata de uma regra fixa. Pode haver outras formas de se relacionar além das citadas e um relacionamento pode passar por vários formatos. Vai depender unicamente do desejo dos parceiros envolvidos. 

Então qual a importância de se saber as denominações? Simplesmente facilitar a comunicação. Quando usamos denominações para nos referir a um tipo específico de relacionamento sempre fica melhor de estabelecer melhor compreensão do assunto. Então, estão prontos? Aí vai!

Polifidelidade: Engana-se quem pensa que não existe fidelidade num relacionamento poliamorista. Ser poliamor não significa admitir traições. Traição é ficar com alguém sem que o outro permita. Como em um relacionamento poliamorista existe a liberdade para ter outros parceiros, consequentemente a traição não existe. No entanto, há relacionamentos poliamoristas que funcionam como um monogâmico nesse sentido: as relações amorosas fixas bem como relações sexuais estão restritas aos membros do relacionamento poliamor. Assim, se um casal poliamorista é constituido de 4 pessoas em um regime de polifidelidade, elas só poderiam ter um romance e relações sexuais com esses mesmos 4 membros. Assim, seria traição se envolver com pessoas de fora, pois seria sem o consentimento dos parceiros. 

Casamento em Grupo: Também chamado de relações em grupo, ocorre quando todos os membros possuem um relacionamento amoroso entre si. Sim, nem sempre todos os membros se relacionam, nem é obrigatório que o seja. Em um relacionamento onde todos são heterossexuais por exemplo, isso se torna impossível. Entre bissexuais do sexo feminino fica mais fácil se relacionar com todos e ainda mais comum em relacionamentos poliamoristas homossexuais. 

Redes de Relacionamentos Interconectados: Essa eu diria que é um pouco mais complexa, se trata de quando cada membro de um relacionamento poliamorista possui um tipo de relacionamento distinto dos parceiros. Exemplificando: João, Carolina, Julia e Pedro se relacionam de forma poliamorista. João é hetero e se relaciona com Carolina; Carolina é bissexual e possui um relacionamento com João, Julia e Pedro; Julia é homossexual, tendo um relacionamento apenas com Carolina, por fim Pedro é bissexual, tendo um relacionamento apenas com Carolina pois João e Julia não querem relacionamentos com homens. Todos podem ter outros relacionamentos que não eles próprios. Assim, Julia, Pedro e João são namorados de Carolina, mas não possuem ligação entre si. Poderíamos ainda acrescentar uma outra mulher, que se relacionaria com Julia e Pedro, ainda sem ligação com os demais. A idéia é que eles não formam "um casal", cada qual tem seus próprios relacionamentos. É aí que se forma uma Rede de Relacionamentos Interconectados. 

Relações Mono/Poli: A relação mono/poli acontece quando apenas um dos parceiros é poliamorista e o outro é monogâmico. Portanto, nessa forma de relacionamento, o parceiro poliamorista tem liberdade para ter ficantes ou namorados fora do relacionamento, enquanto que o parceiro monogâmico prefer ter somente a ele. Isso desmitifica a crença de que para ser poliamorista é preciso que ambos o sejam. Relacionamentos assim não são difíceis de darem certo desde que o parceiro monogâmico saiba respeitar o poliamorista e vice-versa. O que acontece na maioria das vezes, é que os poliamoristas preferem que seus parceiros compartilhem do seu estilo de vida, assim podem se entender melhor e compartilhar os momentos em que se acrescenta uma pessoa ao relacionamento.

Relacionamento aberto: Ué, então relacionamento aberto é um tipo de poliamor? Não. Poliamoristas quase sempre vivem um relacionamento aberto, mas pessoas que vivem um relacionamento aberto quase nunca vivem um poliamorista. Explicando: em um relacionamento poliamorista, se o casal estiver aberto a que novas pessoas sejam acrescentadas a um relacionamento, em um momento ou outro devem admitir o relacionamento aberto para que conheçam essas novas pessoas. Já em um relacionamento aberto, a idéia principal é apenas possui liberdade para ficar com outras pessoas. Como dito em postagens anteriores, geralmente não há a intenção de se apaixonar ou namorar ninguém exceto o parceiro "oficial" . Sendo assim, esse quesito se torna uma das formas que os parceiros poliamoristas se utilizam para conhecer futuros possiveis parceiros. 

Poligamia e Swing: Resolvi falar da poligamia e do Swing como uma forma de advertir. Alguns sites têm falado da poligamia e Swing como formas de poliamor. Embora possa existir uma relação entre poligamia e poliamor, já que a poligamia pressupõe um casamento com mais de uma pessoa onde possa existir amor, é preciso verificar que esta é apenas aparentemente uma diferença pequena, uma vez que a maioria dos países não admite a poligamia. O casamento oficial com mais de uma pessoa é considerada crime, a poliamorista não é. Além dessa diferença, considerada mais marcante, a poligamia não admite parceiros externos e é geralmente um apenas que possui vários parceiros mas esses não possuem relações entre si: como o caso do homen que se casa com várias mulheres (poliginia) ou da mulher com vários homens (poliandria). Geralmente esses relacionamentos não possuem espaço para relacionamentos entre os demais parceiros (no caso de uma bissexualidade entre as mulheres por exemplo) e se o tiver, não é mais importante nem de igual importância ao relacionamento com a pessoa com a qual realmente se casaram (presença da hierarquia). Já em relação ao swing, é importante lembrar que praticantes de swing dificilmente buscam parceiros românticos, geralmente só estão em busca de parceiros sexuais. Também, poliamoristas valorizam o amor numa relação, de forma que não é comum buscarem parceiros em casas de swing. Pode acontecer? Sim, mas não é comum. 

Acordos Geométricos: Os acordos geométricos têm esse nome pela alusão que fazem às formas geométricas para terem seu formato exemplificado. Vejamos alguns: 

·                     Trios: Podem ser de três formações; a chamada "triângulo", em que os três possuem relações iguais entre si; a chamada formato em "V", onde uma pessoa namora duas mas estas não possuem um relacionamento entre si (nesse caso, o que namora as outras duas é chamado de "pivô" e as duas de "braços"); e a formato em "T", em que três pessoas namoram, mas duas possuem um relacionamento mais forte entre si que com a terceira. Acontece por exemplo, quando um novo membro está começando a entrar para uma "família" e a ligação com ele ainda não é tão forte.

·                     Quartetos: Também chamados de quadras, o quarteto possui uma variação ainda maior de formações. Pode ser chamado de "formato em N", quando por exemplo entre dois homens e duas mulheres apenas elas são bissexuais e se relacionam; há o quadrado onde todos possuem relacionamento entre si; e quando se trata de dois homens e duas mulheres alguns se utilizam das letras F (feminino) e M (masculino) para designar o tipo de relacionamento. Assim: FMMF, seria um relacionamento onde os dois homens se relacionam mas as mulheres se relacionam cada qual com um homem. Outras combinações como FMFM, MMFF, MFFM são possíveis.



Algumas dessas classificações podem soar à primeira vista bem complicadas para quem ouve falar nelas a primeira vez, mas não há necessidade para pânico. Nem sempre esses termos são utilizados, e poliamor é acordo, é concordância de estilo de vida. Portanto, se você estiver querendo viver um relacionamento do tipo pela primeira vez, lembre-se de que a forma em que você vai viver esse relacionamento é algo que com certeza será discutido e colocado às claras. No poliamor, há regras para que se mantenha a harmonia do grupo e todos os parceiros estejam conscientes e decidam em conjunto a melhor forma de vivê-lo.


Lembrando que Poliamor não é brincadeira, não é apenas uma experiência e acabou. Algumas pessoas podem fazê-lo para experimentar, para ver se realmente é a forma que querem viver. Alguns resolvem aderir depois de se sentirem melhor, outros não. O Poliamor não veio para acabar com a monogamia. Esta é válida e nada impede um poliamorista de vivê-la, uma vez que o que conta não é viver com mais de um a todo custo mas estar aberto à essa possibilidade. O que se contesta aqui é a monogamia forçada, como único meio de se relacionar e alcançar a felicidade. Nós, poliamoristas, acreditamos ser possível possuir amor verdadeiro, um relacionamento sério, por mais de uma pessoa e por isso pedimos seriedade nas relações.





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